Você
Que tem nas mãos o jeito certo de amar
Que busca meu corpo
Como buscasse se encontrar
Com as mãos
Puxa
Amassa
Aperta
Por vezes encontra uma ferida
E como um ato heróico
Você para o ato do amor
Pra suturar
A ferida que escorre
Você não aprofunda os cortes
Você toca
Entende a profundidade
E entre a força e o cuidado
Crava os dentes
E me suga o sangue
e o veneno
Me injeta saliva
No lugar
Como remédio
Não me deixa secar
Desidratar
Você que me sente
E chora as claras
Minhas dores
Que escondo no escuro
Você
Me sequestra do inferno de mim
Me faz refém no cativeiro
Dos seus braços
No rompante de um abraço
Roubado
Me rouba toda infelicidade que juntei pra mim
Você que me vê quando me faço invisível
Você que me escuta quando eu emudeço
Você que me encontra
Quando me perco
Você que me ama
Quando eu me odeio
Você que me lambe
Quando eu choro
Você não precisa bater
As portas todas
estão abertas
É só tocar
E entrar